A depressão é considerada a “doença do século”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas – um número alarmante – sofram dessa condição em todo o mundo.
Embora cada vez mais tenha se falado sobre os sintomas, tratamentos e prevenção da depressão, a condição ainda é um tabu para muitos indivíduos. Assim, são inúmeras as desinformações sobre o que é, de fato, depressão e como ela interfere na vida diária das pessoas depressivas.
O problema dessa falta de informação reside no afastamento das pessoas depressivas do tratamento adequado. Por medo do diagnóstico ou vergonha do julgamento, elas evitam cogitar essa possibilidade e tentam arcar sozinhas com o sofrimento emocional.
Por exemplo, em uma família em que não se acredita em depressão ou não se concede a devida urgência às condições de saúde mental, a pessoa depressiva pode temer expor as suas preocupações para não parecer fraca.
A deterioração gradual da saúde mental pode levá-las a desenvolver hábitos prejudiciais, tomar decisões precipitadas e colocar a própria segurança em risco, de acordo com psicólogos.
Quais são as afirmações falsas sobre depressão?
São diversas as afirmações falsas sobre depressão que percorrem a nossa sociedade hoje.
Mesmo com o maior acesso à informação proporcionado pelas novas tecnologias, algumas pessoas ainda reproduzem discursos antigos sobre a natureza dessa condição por não terem conhecimento sobre ela.
Da mesma forma, muita informação errada circula em redes sociais e grupos de conversa em aplicativos, fortalecendo estigmas entorno da condição. As “fake news” criam alarde desnecessário acerca da depressão e outras condições de saúde mental que requerem tratamento.
Abaixo, vamos esclarecer afirmações erradas sobre a doença.
“Depressão é preguiça”
A depressão não tem nada a ver com preguiça. Um dos sintomas característicos é a falta de energia e de motivação. A pessoa depressiva não tem disposição para realizar tarefas corriqueiras, como cuidar da casa e da higiene pessoal, iniciar atividades novas e se socializar.
Da mesma forma, ela não tem motivação para fazer algo diferente do habitual. É comum que ela tenha percepção do seu estado emocional negativo, mas não consiga encontrar razões para se esforçar para modificá-lo.
A depressão possui essa característica de “sugar” a alegria da vida. As pessoas depressivas aos poucos se tornam apáticas e desinteressadas, mesmo que compreendam que aquele comportamento não é o ideal.
Essa postura pode ser confundida com preguiça, como se a pessoa não fizesse as coisas por ter má vontade. Chamá-la de preguiçosa reforça sentimentos ruins e não a incentiva a sair desse estado de inércia. Pelo contrário, ela pode começar a pensar que é mesmo preguiçosa e ter mais motivos para não gostar de si mesma.
“Depressão é frescura, coisa da cabeça”
A pessoa depressiva possui dificuldade para lutar contra o humor desanimado e triste, um dos principais sintomas da depressão. O humor depressivo se manifesta de diversas maneiras, como queixas constantes, irritação ou tristeza repentinas, isolamento social (como se a pessoa estivesse “se excluindo”), e reações desproporcionais a situações comuns.
Como os outros não compreendem o comportamento dela, ela pode ser chamada de “fresca”.
Além disso, há uma crença popular de que a depressão é “coisa da cabeça” da pessoa depressiva. Ou seja, ela não é uma doença de verdade, mas, sim, algo inventado que o outro passou a acreditar por conveniência.
Esse pensamento pode fazer com que a pessoa depressiva se force a agir normalmente para não passar a impressão de que sua conduta é proposital, ou que possui uma personalidade “ruim”.
A depressão é um transtorno de humor causado por um desequilíbrio químico no cérebro. Esse desequilíbrio pode resultar da genética (quando alguém da família possui depressão ou alguma condição de saúde mental), doenças pré-existentes e fatores ambientais, como excesso de estresse.
“Depressão é o mesmo que tristeza”
É comum ouvir “tô deprê” quando alguém está muito triste ou frustrado. Mas, diferente da tristeza comum, a depressão não é passageira. Além disso, a melancolia crônica da depressão não precisa ter uma razão.
A pessoa depressiva pode ter a melhor vida do mundo – viver com o amor da sua vida, ter sucesso profissional e dinheiro guardado no banco para uma vida confortável – e ainda estar triste. Ela não consegue afastar a tristeza que a consome, não importa o que faça.
Já a tristeza comum tem uma razão para estar ali. Ela normalmente é decorrente de acontecimentos que abalam o emocional, como divórcio, demissão ou acidentes. Quando essa emoção é digerida, ela desaparece e dá espaço para outras emoções.
“Depressão acontece por causa de uma situação ruim”
Acontecimentos negativos podem desencadear a depressão, mas não são as únicas causas dessa condição.
Imagine um profissional que vive uma situação estressante no trabalho. Ele passa semanas ou meses vivendo aquele problema, tentando encontrar soluções e falhando. O estresse acumulado com o passar dos meses é tanto que começa a prejudicar a sua saúde mental e física.
Ele tem dificuldade para dormir, se alimentar adequadamente, se relacionar com os colegas sem se irritar e executar as suas tarefas habituais sem se distrair ou cometer erros bobos.
Eventualmente, ele pode começar a se questionar se aquele trabalho é de fato o correto para ele, ou se desesperar com a possibilidade de precisar permanecer naquele emprego “para sempre”.
No meio de toda essa perturbação emocional, a depressão pode sim se instalar. O mesmo pode acontecer com quem perde alguém importante, termina um relacionamento duradouro, vive uma relação abusiva ou comete um erro do qual se arrepende profundamente.
“Depressão somente se cura com remédios”
Muitas afirmações falsas sobre o tratamento da depressão circulam na internet e no imaginário popular. Por isso, esclarecemos: o tratamento pode requerer o uso de medicamentos dependendo do seu nível de gravidade.
Na depressão profunda, por exemplo, a pessoa depressiva não tem vontade de sair da cama, tomar banho, comer e outras atividades do dia a dia. O seu comportamento pode colocar a sua vida em risco. Assim, para controlar os sintomas acentuados da depressão, medicamentos podem ser receitados pelo psiquiatra.
Quem determina a necessidade de tomar medicamentos é o médico com o conhecimento do caso do paciente. O psicólogo não pode fazer isso, mas pode recomendar ao paciente a visita a um psiquiatra para conversar sobre essa possibilidade.
Outra parte fundamental do tratamento da depressão é a terapia. O acompanhamento psicoterapêutico ajuda os pacientes a reencontrarem a alegria de viver, redescobrirem interesses e elevarem a autoestima. Com o tempo, eles se tornam aptos a conduzir as suas vidas com saúde mental e bem-estar.
A duração e a frequência das consultas com o psicólogo dependem da gravidade do quadro depressivo do paciente, o qual é avaliado pelo profissional.
“Depressão é doença de fracos”
Os Psicólogos
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A EQUIPE DE PSICÓLOGOS
Por muito tempo se pensava que as doenças da mente afetavam somente os emocional e psicologicamente fracos. Até hoje nos deparamos com uma certa aversão a demonstração de sentimentos negativos, como a tristeza e frustração.
A realidade não é bem assim, como descrito anteriormente. Essas afirmações costumavam ser abundantes devido à falta de entendimento das doenças da mente. Por afetarem as emoções, eram confundidas com estados de humor.
Você não deve se sentir fraco ou inferior aos demais por ter depressão, ansiedade, síndrome do pânico ou qualquer outra condição de saúde mental.
O cérebro é um órgão e, assim como os outros, também pode adoecer. Os distúrbios psíquicos são resultados do seu adoecimento, e podem ser desenvolvidos por qualquer pessoa em qualquer momento da vida. Não é algo de “pessoas fracas”.
O que fazer em caso de suspeita de depressão?
Você pode ter escutado algumas das afirmações errôneas acima em sua casa ou em um ambiente público em algum momento da sua vida.
Por terem vindo de pessoas de confiança, você acreditou nelas ou levou a opinião deles sobre saúde mental para o coração. Assim, hoje, você pode temer falar sobre o assunto ou sentir que precisa esconder o seu desconforto emocional de outros indivíduos.
Essas afirmações nasceram de desinformações, especulações e achismos sobre o que é depressão, e repassadas de geração em geração devido à falta de conhecimento científico. Então, não se apegue a elas!
As doenças da mente são como as doenças do corpo: elas reduzem a qualidade de nossas vidas e criam empecilhos em nossa vida diária, mas podem ser diagnosticadas e devidamente tratadas.
Se você acredita que está com depressão, não espere para procurar um psicólogo para realizar um diagnóstico. É essencial que pessoas depressivas recebam tratamento adequado para recuperar o seu bem-estar emocional.
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